Dom Quixote
“[...] se
põe em plena manifestação a fantasia e o afastamento do mundo; a realidade
submetida aos seus sonhos. É dizer, transforma o mundo perceptível pelos
sentidos em alucinações, e os fatos da realidade são trocados por uma frondosa
fantasia.”.
(Daniel Lopez Rosetti, in Historia Clínica 2)
O autor da frase está analisando o perfil de Alonso
Quijano, mais conhecido com Dom Quixote de La Mancha, ou simplesmente, Dom
Quixote – caricato personagem famoso por seus delírios e sua inocência.
Ao ler, e reler, esse parágrafo entristeci ao lembrar
de tantas pessoas que conheço – jovens, na sua maioria, – que são ‘quixotes’.
Criam uma realidade que não existe e quando as coisas não ocorrem como nas suas
fantasias deprimem-se, vitimam-se.
Qualquer um é capaz de rir dos delírios do velho
Quixote, mas quantos de nós somos capazes de rir, ou se quer enxergar, nossos
próprios delírios?
O que determina como enxergo o mundo? Por que pessoas
que passam por situações similares reagem de formas diferentes?
Provavelmente porque cada um possui construções
mentais próprias e exclusivas.
Tentando explicar isso de uma forma mais simples:
imagine que você está usando óculos de lentes vermelhas, isso vai modificar a
cor das coisas, vai alterar como você enxerga os objetos.
Enquanto isso, outra pessoa, por exemplo seu irmão, está
com óculos de lentes azuis...
Quem está usando os óculos vermelhos ao olhar para um
objeto amarelo verá na verdade um objeto laranja. Já quem está usando os azuis
verá um objeto verde!
Doido, né? Pois é isso que ocorre! Só que nem sempre é
tão fácil perceber esta diferença.
Cada indivíduo possui sua própria estrutura mental –
SUA LENTE – que faz com que ele enxergue o mundo de uma maneira única, há
pessoas com pontos de vista similares, nunca idênticos.
O perigo é quando a lente faz com que você se enxergue
sempre como vítima da situação ou como injustiçado pelo universo. Seu olhar
sobre o mundo influencia diretamente suas expectativas e suas ações (ou a falta
delas).
É possível transformar a sua lente, entretanto é complicado,
e muitas vezes requer, até, ajuda profissional.
Gostaria de lembra-lo que pedir ajuda não é
vergonhoso, ao contrário é um ato de coragem. É preciso muito mais coragem para
ser vulnerável do que para ser agressivo...

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