Morte do debate
A morte do debate
Eu
tinha uma amiga na época do cursinho que, assim como eu, amava debater. Ficávamos
horas discutindo algum assunto, analisando e tentando refutar os argumentos da
outra. Era maravilhoso. Um dia, após um debate bastante acirrado, ela me falou:
- Não concordo com metade das coisas que eu estava
defendendo.
- Então por que você estava defendo? – Perguntei
confusa.
- Porque se eu concordasse com você a discussão teria
acabado. – Ela me respondeu.
Naquele
momento senti como se um véu tivesse caído dos meus olhos e as coisas se tornaram
um pouco menos turvas do que eram. Até hoje, na maioria das vezes, faço o papel
de advogado do diabo numa discussão. Se o parceiro de debate não colabora, eu
mesma começo a refutar meus argumentos anteriores, numa tentativa desesperada
de gerar algum conflito mental, despertar qualquer reflexão.
Porém,
tenho me sentido, cada vez mais, um animal em extinção. As pessoas não querem
discutir. Argumentar dá trabalho, o que não percebem é que é um trabalho
maravilhoso. Os músculos não utilizados atrofiam, os argumentos também. A única
forma de aprender algo novo é saindo da nossa zona de conforto.
Me
entristece absurdamente que as pessoas não queiram mais discutir, debater
ideias, aprender, melhorar sua própria argumentação. É muito fácil convencer
aqueles que pensam como você, na verdade, isso não requer nenhum convencimento,
se transforma numa babação de ovo mútua.
O que nos faz crescer é a oposição é o debate, é a necessidade de defender nossas ideias frente ao seu oposto, essa é a única forma de descobrir se nossas ideias são realmente boas ou nem tanto assim.

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